terça-feira, 30 de junho de 2009

Vantagens da Amamentação até 2 anos ou mais


Esse é assunto que dá pano pra manga, gera dúvidas ,existe discriminações e infelizmente pocuo pesquisado.
Já sabemos dos beneficios da amamentação até os 6 meses; mas,sempre ouço de mães a dúvida: e após o 6o mes? o leite ainda é bom, necessário,importante?
Penso que, se a amamentação está sendo prazeiroza pra mae e bebe, ela deve continuar até quando a dupla assim o desejar!
Sempre devolvo a pergunto para as mães:
Por que o leite de uma vaca ou de uma cabra ,nutre o filho dela até quando ele quiser , e nós, que também somos mamíferas, temos tantas duvidas em relação a qualidade do nosso ,até os 2 anos ou mais, segundo preconiza a Organização Mundial da Saúde?
Não há leite melhor do que o leite de sua mãe, seja ela cabra,vaca ou mulher!!!
O leite da vaca é bom pro bezerro, o da cabra pro cabrito e o humano para outro humano, independente do tempo que é amamentado!
É uma lenda que, após o 6 o mês, o leite perca seu valor, até porque, ele não perde, é que há outras necessidades para o bom desenvolvimento do bebê, e, as novas comidinhas, são complemento do peito !

Porém, vamos lá, temos inúmeras vantagens nutricionais e emocionais!
Vou colocar apenas algumas delas....
Sabemos que há um melhor desenvolvimento mental, comportamental,neuromotor e de linguagem(baseando-se nos componentes nutricionais e no valor afetivo da relação mãe-filho durante a amamentação)., ou seja bebes que mamam mais são mais felizes, mais inteligentes ,mais saudaveis, menos propensos a desenvolverem problemas de fala e linguagem !
Sem falar no valor emocional, no aconchego, no vínculo que vai sendo estreitado a cada ida ao peito...uma ligação emocional forte, duradoura, envolvendo mae e filho e sabemos inclusive que, para o resto da vida, a força e a qualidade deste vinculo, influenciarão a qualidade de todos os futuros vinculos que ocorrerao entre a criança e outras pessoas!
...e complemento com Kelly Bonyata :

"No 2o ano de vida o leite materno é muito parecido com o leite do 1o ano de vida...
eis aqui uma pesquisa de Kely Bonyatta:

Amamentar crianças maiores têm benefício nutricional
Pesquisas mostram que o leite materno durante o segundo ano de vida da criança é muito parecido com o leite no primeiro ano (Victora, 1984). No segundo ano de vida, 500ml de leite materno proporciona à criança:
95% do total de vitamina C necessário
45% do total de vitamina A necessária
38% do total de proteína necessária
31% de caloria do total necessária (UNICEF/Wellstart: Promoting
Breastfeeding in Health Facilities: A short course for Administrators and
Policy Makers; WHO/CDR 93.4)

Leite materno permanece sendo um fonte importante de proteina, gordura, cálcio e vitaminas mesmo após os dois anos de vida (Jelliffe and Jelliffe,1978)

Alguns médicos podem pensar que a amamentação vai interferir em relação ao apetite da criança para outros alimentos. Contudo não existem pesquisas indicando que a criança amamentada têm maior tendência a recusar outros alimentos que a criança que já desmamou.

Na verdade, a maioria dos pesquisadores em países subdesenvolvidos, onde o apetite de uma criança desnutrida pode ser de importância vital, recomendam que a amamentação continue para crianças com desnutrição severa (Briend et al, 1988; Rhode, 1988; Shattock and Stephens, 1975; Whitehead, 1985).

Crianças maiores que ainda amamentam adoecem menos

Os fatores de imunidade do leite materno aumentam em concentração, à medida que o bebê cresce e mama menos. Portanto, crianças maiores continuam recebendo os benefícios da imunidade (Goldman et al, 1983).

Um estudo de Bangladesh demonstra, dramaticamente, os efeitos que essa imunidade pode ter. Nessas péssimas condições de vida, descobriu-se que crianças desmamadas entre o 18º e 36º mês de vida dobraram os riscos de morte (Briend et al, 1988). Este efeito foi atribuído especialmente aos fatores de imunidade, apesar de que, provavelmente a nutrição também foi muito importante.

Claro que, em países desenvolvidos o desmame não é uma questão de vida ou morte, mas a amamentação por mais tempo pode significar menos idas ao pediatra. Crianças entre 16 e 30 meses, que ainda são amamentadas, adoecem menos e por menos tempo que as que não são (Gulick, 1986)

Crianças amamentadas têm menos alergias

Está bem documentado que quanto mais tarde se introduz leite de vaca e outros alimentos alergênicos, menos provavelmente essas crianças vão apresentar reações alérgicas (Savilahti, 1987).

Crianças amamentadas são mais espertas

Crianças que foram amamentadas têm melhor performance na escola e maiores notas (Horwood and Fergusson, 1998). Os autores desse estudo, que acompanhou crianças até os 18 anos descobriram que quanto mais tempo as crianças são amamentadas, maiores as notas que recebem nas avaliações.

Crianças amamentadas são mais ajustadas socialmente

Um estudo com bebês amamentados por mais de um ano mostrou uma ligação significante entre a duração do período de amamentação o ajustamento social em crianças de 6 a 8 anos de idade. (Ferguson et al, 1987). Nas palavras dos pesquisadores: "Existem tendências estatísticamente significantes para que a desordem na conduta diminua com o aumento da duração da amamentação". Mamar durante a infância ajuda bebês e crianças a fazer uma transição gradual. Amamentação é um amororso jeito de atender as necessidades dasa crianças e bebês. Ajuda a superar as frustrações, quedas e machucões e o stress diario da infância.

Atender as necessidades de dependência da criança, de acordo com o tempo único da criança é a chave para ajudar a criança a alcançar sua independência. Crianças que conquistam sua independência em seu próprio ritmo são mais seguras dessa independência que as crianças dorçadas a isso prematuramente.

Amamentar crianças maiores é normal

A "American Academy of Pediatrics" recomenda que as crianças sejam amamentadas por ao menos todo o primeiro ano de vida, e por mais tempo se a mãe e o bebê quiserem (AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS Policy Statement, 1997). A Organização Mundial de Saúde reforça a importância de amamentar até os dois anos de vida ou mais (Innocenti Declaration, 1990). A média de idade de desmame, em todo o mundo é de 4.2 anos. (Davidowitz, 1992)

Mães que amamentam por mais tempo também são beneficiadas

a) A amamentação prolongada pode diminuir a fertilidade e suprimir a ovulação em algumas mulheres
b) A amamentação reduz o risco de câncer de ovário (Schneider, 1987)
c) A amamentação reduz o risco de câncer de útero (Brock, 1989)
d) A amamentação reduz o risco de câncer de câncer de endométrio (Petterson, 1986)
e) A amamentação protege contra osteoporose. Durante a amamentação a mulher experimenta uma diminuição na densidade óssea. A densidade óssea de uma mãe que está amamentando pode ser reduzida, em geral em 1 a 2%. No entanto, a mãe tem essa densidade de volta e pode até ter um aumento, quando o bebê é desmamado. Isso Não depende de um suplemento adicional na
alimentação da mãe. (Blaauw, 1994)
f) A amamentação reduz o risco de câncer de mama (McTieman, 1986; Layde, 1989; Newcomb, 1994; Freudenheim, 1994).
g) A amamentação tem demonstrado diminuir a necessidade de insulina da mãe diabética (Davies HA, British Med J, 1989). "

Por Kelly Bonyata
08 de Fevereiro de 2005

Referências:
ASK THE LACTATION CONSULTANT: Is There Any Value In Breastfeeding Past One Year? by Debbi Donovan, IBCLC

Extended Breastfeeding and the Law By Elizabeth N. Baldwin, Esq.

Nursing Beyond One Year by Sally Kneidel, NEW BEGINNINGS, Vol. 6 No. 4, July-August 1990, pp. 99-103.

Ahn, C H and MacLean, W C. Growth of the exclusively breastfed infant. Am J Clin Nutr 1980; 33:183-92.

AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS Policy Statement: Breastfeeding and the Use of Human Milk (RE9729), Pediatrics, Volume 100, Number 6, December 1997, pp 1035-1039.

Blaauw, R. et al. Risk factors for development of osteoporosis in a South African population. SAMJ 1994; 84:328-32

Briend, A. et al. Breast feeding, nutritional state, and child survival in rural Bangladesh. Br Med J 1988; 296:879-82.

Brock KE, Med J Australia, 1989

Davies HA, British Med J, 1989

Ferguson, D. M. et al. Breastfeeding and subsequent social adjustment in six- to eight-year-old children. J Child Psychol Psychiatr Allied Discip 1987; 28:378-86.

Freudenheim J, Epidemiology, 1994

Goldman, A. S. et al. Immunologic components in human milk during the second year of lactation. Acta F'aediatr Scand 1983;722:133-34.

Gulick, E. E. Effects of Breastfeeding on Infant Health. Pediatr Nurs 1986; 12(1): 51-54.

Horwood LJ and D M Fergusson, Breastfeeding and Later Cognitive and Academic Outcomes, PEDIATRICS Vol. 101 No.1 January 1998, p. e9

"Innocenti Declaration on the Protection, Promotion and Support of Breastfeeding" (1 Aug 1990), adopted by 32 governmentsand 10 UN and other agencies at a WHO/UNICEF meeting cosponsored by USAID and SIDA.

Jelliffe, D. B. and Jelliffe, E. F. P. The volume and composition of human milk in poorly nourished communities. A review. AmJ Clin Nutr 1978; 31:492-509.

Layde PM, J Clin Epidemiology, 1989

McTieman A, Amer J Epidemiology, 1986

Newcomb P et al, N Engl J Med, 1994

Novello A, MD, US Surgeon General, "You Can Eat Healthy," Parade Magazine (11 Nov 1990): 5.

Petterson B et al, Acta Obstet Gynecol Scand, 1986

Rohde, J. E. Breastfeeding beyond twelve months. Lancet 1988; 2:1016.

Savilahti, V. M. et al . Prolonged exclusive breast feeding and heredity as determinants in infantile atopy. Arch Dis Child 1987;62 269-73.

Schneider AP, NE J Med, 1987

Shattock, F M. and Stephens, A. J. H. Duration of breastfeeding. Lancet 1975; 1:113-14.

Tangermann, R. H. et al. Breastfeeding beyond twelve months. Lancet 1988; 2:1016.

Underwood, B. A. Weaning practices in deprived environments: the Weaning dilemma. Pediatr 1985; 75:194-98.

Victora, C. G. et al. Is prolonged breastfeeding associated with malnutrition? Am J Clin Nutr 1984; 39:307-14.

Waletzky, L. R. Breastfeeding and weaning: some psychological considerations. Primary Care 1979; 6:341-55.

Whitehead, R. G. The human weaning process. Pediatr 1985; 75: 189-93.

SIM, O COLOSTRO É BOM!


Informe Especial do boletim da LLL(Maceió)maio-junho de 2009

Muitas pessoas acham que o colostro, esse primeiro leite que a mãe produz quando seu filho nasce, é inadequado para o bebê. Existe a crença de que faz mal, que não alimenta e até que traz prejuízo ao bebê; que é um “líquido” que se deve desprezar.
Nada mais distante da realidade. O colostro contém células vivas, o que o faz muito parecido em sua composição, ao sangue. Por exemplo, contém linfócitos que protegem o bebê contra muitas bactérias e vírus.
É rico em imunoglobulinas: cada litro de colostro contém 12g de Ig A, que protege o bebê especialmente de problemas intestinais e que à medida que ele cresce, vai diminuindo em quantidade.
Lactoferrina, que tem a capacidade de destruir as bactérias, lacto-albumina, lisozimas, carboidratos, lipídeos, nucleotídeos, fatores de crescimento, vitaminas, minerais e outros componentes, somam mais de 60, dos quais 30 são encontrados apenas no leite materno. Interrelacionam-se uns com os outros para ajudar ao bebê a se fortalecer e a responder às agressões do meio ambiente. Por isso, nos primeiros dias:

•Amamente com freqüência e o mais breve possível após o nascimento do bebê.

•Se não for possível amamentar nas primeiras horas, extráia com a mão ou com uma bomba umas gotas de colostro até que o bebê possa mamar por si mesmo.

•Tome líquido suficiente, o que for necessário para matar a sede. Coma alimentos nutritivos.

•Durma ao menos uma sesta durante o dia.

•Deixe que o bebê mame quando deseje, sem impor um horário. Os bebês mamam quando necessitam. Se o bebê mama quando deseja, recebe o colostro, esse primeiro leite com muita proteína, e pouca gordura e carboidratos. É tudo o que ele necessita durante os primeiros dias.

•Não se assuste se sentir que tem pouco colostro. É o normal. O colostro é produzido em pequeníssimas quantidades, entre uma ou quase três colherinhas por dia. Essa quantidade de colostro é tudo o que o bebê precisa.

•Pôr o bebê no mesmo quarto da mãe, desde o hospital, permite que ela perceba com rapidez seus sinais de fome sem deixá-lo chorar.

•Muitos bebês recém-nascidos pedem para mamar com freqüência, e demoram muito pouco na mama. Poderíamos dizer que, quando o bebê recebe o colostro, está treinando para a sucção mais adiante e está avisando à mamãe de suas necessidades de alimento.

•Fique rodeada de pessoas que a apóiem e a animem. A melhor ajuda que você pode encontrar é para ajudá-la com o trabalho de casa e a atenção dos demais membros da família. As visitas nos primeiros dias podem ser sufocantes para muitas mães. Limitá-las por uns dias, convêm ao descanso da mãe e propicia o conhecimento da nova dupla.

Lars Hanson, MD, Ph.D., Imunologia do Leite Humano: como a amamentação protege o bebê.
Texas, Estados Unidos.
Nuevo Comienzo, Janeiro – Março/2007.
Tradução: Pajuçara Marroquim

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Chupar dedo, Amamentação difícil e outras reflexões




Uma preocupação enorme dos pais é sobre o hábito dos lactentes de chuparem seus dedos e tudo que encontram pela frente.
Geralmente chegam a conclusão precipitada que os bebês estão com fome, que a amamentação não os satisfazem. O lactente apresenta uma sucção reflexa ("automática") como resposta a qualquer objeto que lhe toque os lábios. Este reflexo de sucção aparece no feto na 32ª semana de gestação, sendo comum flagrarmos alguns bebês sugando seus dedos intra-útero.
As crianças (até em torno dos 18 meses) estão na fase psico-sexual-oral, isto é, na etapa do desenvolvimento da libido, chamada oral, e sentem muito prazer em sugar ! O fato de sentirem-se bem sugando, "experimentando" o mundo é uma das primeiras manifestações de nossa sexualidade.
Eles se bem cuidados, assistidos, atendidos, carregados no colo, evoluirão naturalmente para outras etapas da sexualidade humana: a anal (em torno dos 2 anos), a genital (em torno dos 3 anos), a edipiana (4 – 6 anos) de latência (na fase pré-puberal)... até o padrão adulto.

Deixe-o sentir conforto, segurança, prazer ao descobrir e sentir o mundo com sua boca... Chupar os dedos dele ou os seu (dedo mínimo com a unha voltada para baixo, para sua língua) alivia a dor (ação analgésica da sucção não-nutritiva), o tranqüiliza, o faz relaxar e sentir-se seguro, protegido...
Para alguns bebês, a necessidade e o prazer de sugar são maiores do que para outros... Se o ambiente está tenso o bebê pode ficar aflito e ter maior necessidade de sucção não-nutritiva. Este é o têrmo técnico que utilizamos. Há sucção não-nutritiva até no peito, o bebê faz um movimento de chupar sem retirar leite, é uma sugada mais rápida (2-3 sucções por segundo) do que a sucção nutritiva (1 sucção por segundo) que o alimenta....
"A imensa afetividade dos mamíferos inicia-se do modo mais doce e adorável, quando crianças que saem imaturas do ventre das mães necessitam da proteção e calor dessas mães peludas nos seios das quais se aleitam."(Edgard Morin – Amor Poesia Sabedoria)

Logo de início quero deixar bem claro que não estou dizendo que "quem não amamenta não ama". A maioria das mulheres não tiveram acesso a informação, esclarecimento, apoio, e foram bombardeadas pelo marketing das mamadeiras, chupetas, fórmulas infantis desde sua infância ou tiveram profissionais e serviços de saúde que não facilitaram este delicado início... dificultando o estabelecimento do aleitamento materno.
Na atualidade, sabemos que a amamentação não é um ato instintivo, ainda que natural, e sim uma cultura que precisa ser recuperada e que é necessária um conjunto de habilidades, de informações, de técnicas para o êxito da alimentação ao seio.
Quero refletir sobre um pequeno conjunto de mulheres que tem acesso a informações, são apoiadas, orientadas, incentivadas e mesmo assim não conseguem, não querem (embora esta decisão seja difícil de ser assumida por ser politicamente incorreta). Na verdade, algumas mães podem não estar disponíveis emocionalmente para esta ato tão íntimo, que faz parte da sexualidade humana...

Como estes casos de desmame precoce aparecem no nosso cotidiano ?

"o bebê não pega no peito, não quer mamar"; "o peito rachou, dói muito"; "o bebê chora muito – eu não tenho leite"; "dou o peito toda hora e ele não ganha peso"; "o peito empedrou, tive uma mastite e o médico pediu para parar";  "não como adequadamente e o meu leite é fraco"; "o meus seios são meus órgãos sexuais e não quero que eles caiam"; ...
Sabemos pela psico-fisiologia da lactação que a amamentação é um ato psicossomático complexo, que o leite é produzido no peito e na cabeça.
Que para amamentar com prazer há que se ter tranqüilidade, disponibilidade física, temporal, emocional-afetiva, a generosidade de compartir seu corpo, seu colo com o outro, querer dar, poder trocar, estabelecer uma relação muito próxima, profunda, de entrega...
A intenção não é a de colocar "culpa" ou melhor responsabilidade sobre a mulher que não tem paciência ou disposição... O que é necessário é entendermos as origens deste fenômeno que são profundas e podem começar em como esta nutriz atual foi concebida por sua mãe, amamentada ou não, carregada no colo ou não, sua trajetória afetiva familiar e seus relacionamentos conjugal, sexual, sua maneira de conviver com amigo(a)s, sua solidão...
Neste caso parece ser mais fácil utilizar-se da mamadeira porque não é preciso romper com as dificuldades até então guardadas e escondidas no íntimo mais profundo. A mulher que não entende que para mudar precisa romper com as dificuldades e que decidir ter um filho é antes de mais nada, se preparar para mudanças. Ao dar a mamadeira a mulher não sai comprometida a transformar-se, a procurar as causas mais superficiais (erros de técnica, crenças e tabus, desconhecimento do seu próprio corpo e de como o leite é produzido e ejetado/liberado) e os determinantes mais profundos (psíquicos, anímicos, espirituais, energéticos...) desta impossibilidade.
Amamentar é desejo, vontade, entrega, doação, troca, prazer com o outro.... Como pode uma mulher se entregar a um filho se não consegue se entregar a si mesma ? Talvez esteja aí a chave para ajudarmos tantas mulheres a recuperarem a sua auto-estima e confiança em si próprias e aí sim, teremos mulheres prontas para a vida de mãe no sentido completo que esta simples palavra expressa.
As várias formas de amar são, na verdade, integradas, já que os mesmos hormônios estão envolvidos e os mesmos padrões de comportamento ocorrem durante a relação sexual, o parto e amamentação."

Michel Odent

                 "O vínculo entre mãe e bebê é o protótipo de todas as formas de amor."
O leite é mais produzido "na cabeça", na nossa psiqué, resultado de nossa emoções de querer ou não, do que nas mamas.Um exemplo que comprova esta afirmação: mães que adotam bebês sem terem estado grávidas, podem amamentar se estão disponíveis, se querem... Nós profissionais de saúde podemos apoiá-las com algumas técnicas, com algumas medicações, mas são elas e o seu desejo, o determinante do sucesso.
A OCITOCINA produzida pela neuro-hipófise é o hormônio do amor, do prazer,das liberações/ejeções, da doação, da entrega...
A PROLACTINA secretada pela adeno-hipófise é o hormônio da maternagem...Antigo na escala evolutiva, servindo a múltiplos papéis...
Mediando o cuidado com a prole, desde a construção do ninho, por ex. , até o comportamento agressivo defensivo, típico das nutrizes.
Quando uma mãe não quer ou está em um momento emocional que não pode, não há técnica, medicamentos, apoio, aconselhamentos que a remova da decisão. Para amamentar tem que querer poder e estar aberta a mudanças. E muitas vezes estes sinais de não disponibilidade já foram dados durante o pré-natal: sua visão das mamas como objeto sexual exclusivo, achar bonito o uso de mamadeiras e chupetas, não querer se preparar para o parto e amamentação em cursos de gestantes...
Há que se ter paciência e propor, sugerir, tentar não impor... e se mesmo assim a decisão é inflexível em não dar o peito, é melhor realmente não ofertá-lo. Uma última tentativa, que o complemento então, seja dado no copinho, ou na xícara para que a disfunção motora-oral ("confusão de bicos") não se estabeleça e que este bebe possa ter contato pelo menos com os seios para satisfação do seu prazer oral em sugar.
autor: Dr. Marcus Renato
Publicado no www.aleitamento.com em 26/3/2003